livro c.s lewis

3996 palavras 16 páginas
A FÉ
Devo falar neste capítulo sobre o que os cristãos entendem por fé. Grosso modo, a palavra "fé" é usada no cristianismo em dois sentidos, ou em dois níveis, e tratarei primeiro de um deles e depois do outro. No primeiro sentido, significa simplesmente a crença - aceitar ou considerar verdadeiras as doutrinas do cristianismo. Isso é bastante simples. O que provoca confusão nas pessoas - pelo menos provocava confusão em mim - é que os cristãos consideram a fé, nesse sentido, uma virtude. Eu queria saber como ela poderia ser uma virtude - o que existe de moral ou imoral em acreditar ou não acreditar num conjunto de princípios? Eu costumava dizer: é óbvio que todo homem são aceita ou rejeita uma determinada afirmação não por querer, mas por haver provas que a confirmem ou refutem. Se ele se enganar sobre as provas, isso não fará dele um homem mau, apenas um homem não muito inteligente. Se ele achar que as provas indicam que a afirmação é falsa, e mesmo assim tentar acreditar nela, isso será mera estupidez. Bem, ainda sou dessa opinião. O que eu não via então — e muita gente ainda não vê — é o seguinte: eu supunha que, a partir do momento em que a mente humana aceita algo como verdadeiro, vai automaticamente continuar considerando-o verdadeiro até encontrar um bom motivo para reconsiderar essa opinião. Na verdade, eu partia do pressuposto de que a mente é completamente regida pela razão, o que não é verdade. Vou dar um exemplo. Minha razão tem motivos de sobra para acreditar que a anestesia geral não me asfixiará e que os cirurgiões só começarão a operar quando eu estiver completamente sedado. Isso, porém, não altera o fato de que, quando eles me prendem na mesa da operação e me cobrem a face com sua tenebrosa máscara, um pânico infantil toma conta de mim. Começo a pensar que vou me asfixiar e que os médicos vão começar a cortar meu corpo antes que eu perca a consciência. Em outras palavras, perco a fé na anestesia. Não é a razão que me faz perder a fé: pelo

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