lingua escrita
A grande questão é saber unir teoria, prática e reflexão.
É sobre esses temas que vamos falar um pouco nesse livro.
Capítulo 1 - A Língua Escrita
Observando o percurso histórico do surgimentoda escrita e de suas variadas representações, é possível verificar que a existência desta permitiu o registro da memória coletiva, e uma comunicação maior entre as pessoas, pois as mensagens não dependiam mais da presença física dos interlocutores.
Na época posterior a industrialização a concepção de alfabetização é revista a partir das mudanças sociais (até então a alfabetização estava ligadaao ócio e ao âmbito social). Essa demanda social tornou a escolarização obrigatória.
Em nossa sociedade, no decorrer do século XX a língua escrita (alfabetização) se torna tecnologia fundamental, como pré-requisito para qualquer progresso, potencialização dos conhecimentos e acesso aos diferentes usos da mesma.
Estudos realizados concebem a língua como código oral e código escrito. Oprocesso de produção ou reprodução da língua escrita é diferente do uso oral porque implica uma relação entre pensamento e linguagem diferente. A língua escrita permite fixar o discurso oral e convertê-lo em objeto de análise. “A língua escrita seria, em suma, o meio mais eficiente para que um indivíduo chegue a dominar as máximas potencialidades de abstração da linguagem, independentemente de osdiscursos construídos por ele serem, ao final, orais ou escritos”.
Entende-se a aprendizagem da língua escrita como um domínio linguístico progressivo - não meramente do código gráfico -, nas situações e para as funções que cumpre socialmente.
No texto “Aprendices em el domínio de la lengua escrita”, Wells (1987) trabalha o domínio da escrita a partir de quatro níveis coexistentes: epistêmico /instrumental / funcional / executivo.
Cada nível representa:
ü O nível executivo insiste na posse do código como tal; diz respeito ao domínio da língua para traduzir a mensagem do código escrito.
ü No nível funcional inclui-se saber como a língua escrita varia segundo o contexto; refere-se a utilizar os conhecimentos para enfrentar exigências cotidianas como ler jornal ou seguir instruções.ü No nível instrumental usa-se tanto o código quanto a forma textual e reside na possibilidade de buscar e registrar informações escritas.
ü No nível epistêmico usa-se a língua escrita como meio de atuação e transformação sobre o conhecimento: refere-se ao interpretar e avaliar.
Capítulo 2 - O que é ler?
Tradicionalmente pode-se considerar a definição de ler como a capacidade deentender um texto escrito pode parecer simplista, mas não é.
As práticas escolares comumente trazem atividades que partem de pequenos fragmentos de textos, palavras soltas ou letras isoladas para o ensino da leitura. Essa situação revela uma concepção e um desconhecimento: porque ler é um ato de raciocínio.
Através da percepção, da memória de curto e longo prazo (esta segunda que armazena asinformações e conhecimentos que temos do mundo) e dos esquemas de conhecimento que as pessoas formam ao longo da vida, a compreensão e a interpretação das informações se tornam possíveis através da leitura.
Ler consiste em processar as informações visuais de um texto e as informações não visuais - conhecimentos do leitor. A partir das informações do texto o leitor formula hipóteses, antecipasignificados, faz inferências e, no decorrer da leitura, verifica se suas hipóteses iniciais estavam corretas.
Frank Smith - e outros autores - revela que ao explorar um texto através da leitura, o leitor: não precisa oralizar o texto para compreendê-lo; desloca os olhos em saltos percebendo fragmentos do texto - não lemos letra por letra - e percebe globalmente um conjunto de elementos gráficos....
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