A distinção entre passado e presente é um elemento essencial da concepção do tempo [...] Ela é reveladora, para os Franceses, do lugar desempenhado pela Revolução Francesa na consciência nacional, pois na França a História Contemporânea começa oficialmente em 1789. [...]A Itália, por exemplo, conheceu dois pontos de partida do presente que constituem um elemento importante da consciência histórica dos italianos de hoje: o Renascimento e a queda do fascismo [Romano, 1977] Mas a ausência de um passado conhecido e reconhecido, a míngua de um passado, pode também ser fonte de grandes problemas de mentalidade ou identidade coletivas: é o caso das jovens nações, principalmente das africanas.[p179][...] Os hábitos de periodização histórica levam, assim, a privilegiar as revoluções. A distinção passado/presente que aqui nos ocupa é a que existe na consciência coletiva, em especial na consciência social histórica.[...] De fato, a realidade da percepção e divisão do tempo em função de um antes e um depois não se limita, a nível individual ou coletivo[...]Importa também, antes de considerar a oposição passado/presente no quadro da memória coletiva, ter em mente o que ela significa em outros domínios: o da psicologia e, principalmente, o da psicologia infantil e da lingüística[p180] Compreender o tempo "é essencialmente dar provas de reversibilidade".[...]O nosso horizonte temporal consegue desenvolver-se muito além das dimensões da nossa própria vida.[...] Finalmente – o que não é automaticamente transponível ao domínio da memória coletiva, mas mostra bem que a divisão do tempo pelo homem é um sistema de três direções e não apenas duas[p181] Primeira constatação: a distinção passado/presente (futuro), embora pareça natural, não é, de fato, universal em lingüística[...]As línguas eslavas distinguem regularmente dois aspectos do verbo: o perfeito, que representa a ação na sua totalidade, como um ponto fora de todo o devir, e o imperfeito, que a mostra enquanto se faz e na