Escritores criativos e devaneios

ESCRITORES CRIATIVOS E DEVANEIOS
FREUD, S. (1906-1908)

Nesse texto, Freud lança a seguinte questão:
- Será que devemos procurar já na infância os primeiros traços de atividade imaginativa? A ocupação favorita e mais intensa da criança é o brincar, são os brinquedos e os jogos. Freud diz que ao brincar toda criança se comporta como um escritor criativo, pois cria um mundo próprio e melhor.
A criança brinca com o mundo real, mas leva a sério o seu brincar. O contrário do brincar não é o que é sério, mas o que é real. Apesar de toda a emoção que a criança investe no seu mundo de brinquedo, ela consegue fazer uma distinção entre o brincar e a realidade, e gosta de se projetar no mundo real através das brincadeiras, imaginando às coisas visíveis e tangíveis do mundo real. Essa conexão é o que diferencia o “brincar infantil” do “fantasiar”.
Segundo Freud, o escritor criativo faz o mesmo que a criança que brinca. Cria um mundo de fantasia que leva muito A sério, isto é, no qual investe uma grande quantidade de emoção, enquanto mantém uma separação nítida entre o mesmo e a realidade.
Ao crescer, as pessoas param de brincar e parecem renunciar ao prazer que obtinham do brincar. Esforçando-se para encarar as realidades da vida, a pessoa adulta não para de brincar, apenas substitui o “brincar infantil” pela “fantasia”.
Como diz Freud, não é fácil para o homem abdicar de um prazer que ele já experimentou um dia. Na realidade, nunca renunciamos a nada: apenas trocamos uma coisa por outra. O que parece renúncia é na verdade um substituto ou sub-rogado.
Logo, a criança agora crescida, que para de brincar, só abdicou do elo com os objetos concreto: em vez de brincar, ela agora fantasia. Constrói castelos no ar e cria o que Freud chama de devaneios.
As fantasias das pessoas adultas são menos fáceis de observar do que o brincar das crianças. A criança brinca livremente e não esconde dos adultos o seu brincar e nem os seus brinquedos. O adulto, ao contrário, envergonha-se