Escolha da carreira profissional
Quando o assunto é “felicidade no trabalho”, as opiniões tendem a se polarizar entre vocação e dinheiro. Quem é mais feliz? Aquele que faz o que gosta ou o que ganha um gordo salário no final do mês? A resposta é ainda mais difícil quando envolve uma sociedade consumista, na qual a posse de bens materiais se confunde com felicidade para muita gente. A discussão é filosófica, mas é legítima na visão do professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho (PST) da Universidade do Estado de São Paulo (USP), Marcelo Afonso Ribeiro. Longe de apontar uma resposta, ele introduz outro elemento ao debate: a capacidade de escolha. E a equação é simples: quem pode escolher tende a encontrar a “felicidade profissional” mais facilmente. “Eu diria que algumas pessoas têm mais possibilidade de decidir [se querem ganhar mais ou fazer o que gostam] e outras menos”, analisa. “Se eu sou de uma classe mais humilde, não estudei tanto, tenho possibilidades de trabalho mais restritas”, afirma o professor, emendando que, por outro lado, alguém cujo contexto financeiro é mais favorável tende a ter maior poder de escolha. Já o presidente da consultoria Caliper, José Geraldo Recchia, acredita que não há retorno financeiro que perdure sem que o profissional faça o que goste. “Obviamente que mesmo aquele que está no emprego pelo salário deve gerar resultados, se não ele não estaria ali e nem teria sido promovido ao longo do tempo”, pondera. “Mas a minha pergunta é: será que o profissional não poderia ser brilhante em outra carreira?”. Mas a dúvida que persiste é se adianta ser um profissional brilhante com um contracheque fosco. “Tem gente que claramente vai optar pelo trabalho que paga mais”, afirma o professor Ribeiro. “Só que o dinheiro, em determinados espaços, fica sendo um assunto meio tabu. Há uma série de valores associados a ele. Aquela história de que fulano ‘se vendeu para o capital’, enfim, questões ideológicas