EDUCAÇÃO INDÍGENA

ENSAIO COMPARATIVO DE UM POEMA INDÍGENA

JORGINA MARIA DE FREITAS- UERJ

A CRIADORA DO MUNDO1

Quando não existia nada, Era assim que começou o início.
Só havia escuridão
O espaço onde não existiam os materiais para formar gentes

Existia o espaço frio,
O espaço vazio.
O espaço triste.
Existia o espaço sem ideias
Na escuridão existia uma VOZ que soava.
Esta vós é a presença de MÎrio ,
Que é Ye’ pá-Bahuari-Mahsõ
As músicas andavam dançando
Fazendo carinho.

A poesia de caráter universal nos remete até certo ponto a Bíblia no capítulo de Gênesis 1 v.2:
“No princípio criou Deus os céus e a terra”.
2 E a Terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre as águas.
A poesia então, fala dos princípios fundantes e origem da Terra, que brota no espaço, do espaço frio, vazio e triste. Assim como Deus se movia em espírito sobre as faces das águas, e com sua voz deu ordens para que tudo se formasse determinando a expansão no meio das águas, assim o espaço escuro onde existia uma voz que soava cuja voz é a presença de Mirio.
“A poesia empresta personificação à música (catacrese) que andavam dançando e fazendo carinho”.
Esta o texto povoado de antíteses como, por exemplo,
“Ela tinha o corpo em forma de vento, invisível” (...) “ela possuía a vida da alma em forma de vento estava sentada” (...)” Dentro desta voz, dentro do vento vivia por si uma mulher chamada Ye’ pá” [que significa Terra.]. Dando ênfase a esta personificação diz: Gente que apareceu por si mesma. Ela apareceu no meio de sons musicais. No meio de Nuvem branca brilhosa. Ela é gente (femin) Música Sagrada.
Depois nos remete ao que seria o big bem explosão a qual se atribui a formação do universo que seria uma grande bola de fogo ao dizer:
“Primeiro surgiu um estrondo grande
De cor de jenipapo.
No meio – de cor rosácea (remete-nos ao fogo)
Grande raio formava um círculo.
Quando se formou a luz,
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