Economia formal e política
Apostila para o curso de economia da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas, 1970. ECON-L-19.
Todas as ciências têm uma aspiração à universalidade e à neutralidade ideológica. Estes objetivos foram em grande parte atingidos pelas ciências metodológicas, como a Matemática e a Lógica. Foram também alcançados pelas ciências físicas, como a Física, a Química, a Mecânica, a Biologia. Por analogia, os cientistas sociais também procuraram atingir essa mesma universalidade e neutralidade. E entre os cientistas sociais, talvez tenham sido os economistas aqueles que mais se deixaram tomar por essa tentação. Neste artigo vamos discutir este problema, tentando apresentar para o mesmo um novo enfoque. Examinaremos, inicialmente, em rápidos traços, o desenvolvimento da ciência econômica. Ficará claro, então, o seu caráter, historicamente situado e ideologicamente condicionado. Como decorrência do seu desenvolvimento, apresentaremos uma classificação usual desta ciência, que procura abranger todas as suas áreas de interesse. Em seguida, proporemos uma nova classificação, baseada na existência de uma distinção, dentro da Análise Econômica, de Economia Formal e Economia Política. Esta distinção poderia também ser realizada para as ciências físicas, mas, nesse caso, não seria tão útil, já que seu objetivo fundamental é distinguir os elementos relativamente universais e neutros, dentro da Economia, dos elementos contingentes e carregados de valor. Veremos, então, que a Economia ou Ciência Econômica possui uma parte adjetiva ou metodológica, que chamaremos de Economia Formal e outra, substantiva, a Economia Política. Esta classificação será especialmente importante para os economistas dos países subdesenvolvidos, em sua tentativa de adaptarem e recriarem a teoria econômica à realidade de seus países. Será também útil para os economistas dos países desenvolvidos, que são obrigados