Durante A Guerra De 1870

Durante a guerra de 1870, os prussianos ocupam a França. Na Normandia os soldados franceses recuam deixando o território livre para o inimigo, numerosos habitantes decidem então fugir da ocupação e da necessidade de alojar na sua casa os inimigos estrangeiros. Deixam sua cidade, a suas casas. Guy de Maupassant reconstitui uma destas múltiplas fugas e interessa-se mais de perto por alguns protagonistas que vão compartilhar o mesmo meio de transporte durante alguns dias. Três casais burgueses, dois religiosos e uma jovem prostituta vão assim passar vários dias, forçados a viver juntos apesar das suas grandes diferenças sociais, culturais e éticas. Esta história é ao mesmo tempo cómica sob certo ângulo, mas ao final o profundamente trágica porque assiste-se ao longo de todo o trajeto a consideração, a generosidade e a devoção de Bola de Sebo a cortesã, e o egoísmo e o orgulho dos outros ingratos.
Bola de Sebo não hesita a compartilhar a sua refeição a partir dos primeiros dias de estrada com estes burgueses que se negam, no entanto a dirigir-lhe a palavra. seguidamente, Forçados a permanecer em albergue prussiano, o ambiente gera à indisposição, a crueldade quando sabem que o grupo não poderá deixar o lugar enquanto Bola de Sebo não se render ao desejo de um oficial. Os companheiros de viagem exigem que a cortesã faça rapidamente o seu trabalho para que possam partir, sem em nenhum momento dar-se conta do trágico da situação: usam estratégias de persuasão, de crítica viva, acusações inábeis, Bola de Sebo sofre verdadeira pressão moral. Estas mulheres não a poupam não, apesar da sua grande bondade. As diferenças de status social são flagrantes e não dá lugar à nenhum reconhecimento nem compreensão. Bola de Sebo em sua solidão não chega à agüentar este sofrimento. Suportar estes franceses criminosos para com ela fica pior que se render ao inimigo prussiano. Ao extremo, assistimos à vergonha, a maldade e a indignidade dos outros no que diz respeito a Bola de Sebo.