Do despudor a inocencia

Logo no início do capítulo “Do despudor à inocência”, Phelippe Ariès diz que “Nenhum outro documento poderia dar-nos uma ideia mais nítida da total ausência do sentimento moderno na infância nos últimos anos do século XVI e início do XVII” (página 75). Heroard era medico de Henrique IV e anotava os avanços do Luís XIII, ao falar “documento” Ariès se refere as anotações de Heroard dedicadas ao Delfim. Sendo peça importante para a comparação com o moderno, deveria ter sido destacada a importância do diário e de seu autor na apresentação.
Há também um exemplo, que sem duvidas é o mais intenso, sobre este despudor dito no título do capítulo em que o Delfim e sua irmã (Madame) são despidos e colocados na cama com o rei, onde se beijam, cantam e deram muito prazer ao rei. Além desse exemplo, que atualmente seria considerado imoral, porém na época era normal, há inúmeros exemplos de brincadeiras com conotações sexuais. É preciso entender que as atitudes diante a sexualidade e variam de acordo ao meio, época vivida e mentalidades.
Depois disso, ainda na infância, ao 5 e 6 anos as pessoas param de brincar com as partes sexuais de Luis XIII. Entretanto, ele começou a brincar com a dos outros, batia com um vara no traseiro de sua criada e a via despida. Aos 7 anos, idade onde a educação começava, era preciso ensinar ao Delfim modos e linguagem decente.
É importante destacar que o habito de brincar com o sexo das crianças ainda é encontrado nas sociedades muçulmanas. O autor usa um exemplo extraído do romance La Statute de Sel [1953], escrito por Albert Memmi, um judeu tunisino. Resumindo o trecho: o menino ainda não foi circuncidado e um vendedor pergunta “Você quer vender seu pintinho?” e fica insistindo, a criança irritada responde não todas as vezes enquanto o pai da criança ria às gargalhadas. Esse livro nos ajuda a entender o século XVI.
Todo esse despudor se dava basicamente por dois motivos: “Primeiro, porque se acreditava que a criança impúbere fosse alheia e