Dissertação

Alcoolismo
Em geral, a sociedade é bastante crítica em relação às drogas consideradas ilícitas, mas muito tolerante com o consumo do álcool, uma droga de venda permitida. Aliás, mais do que tolerante, há uma cultura geral até de galhofa com o tema, com as pessoas sendo tomadas de um certo orgulho quando descrevem casos em que foram tomadas pelo estado de embriaguez.
A ingestão de álcool no país já é uma questão de saúde pública. Segundo dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o brasileiro bebe ao ano 1.057 latinhas de cerveja. Isso indica uma média de três latas por dia. O consumo de álcool puro por ano chega a 18,5 litros. Para os parâmetros adotados pela OMS, é abusivo o consumo alcoólico semanal a partir de 60 gramas, o que equivale a 4,2 latinhas. No Brasil, o consumo é cinco vezes maior do que o limite tido como adequado pela OMS.
Um outro problema, segundo Selma Rejane Setani, coordenadora do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), entidade especializada no combate ao alcoolismo, é que o consumo de álcool é considerado como um rito de passagem dos adolescentes para a vida adulta. Os pais são permissivos porque eles também já vivenciaram experiências semelhantes.
Ao se falar nos malefícios do uso do álcool, não é possível esquecer os milhares de acidentes com mortes e feridos no trânsito, bem como os conflitos familiares e sociais por conta da ingerência dessa substância. Trata-se de uma doença social que não será devidamente enfrentada enquanto as políticas públicas não forem acompanhadas da adesão das comunidades.
Diante de um quadro em que o álcool mostra-se causa de tantos problemas individuais e coletivos, cabem campanhas educativas e de esclarecimento sobre os males da dependência. Essa é uma luta que tem de ser travada todos os dias.