civilização do oprimido
Dados recentes sobre a realidade brasileira apontam para uma diminuição significativa no número de pobres4 e indigentes na área metropolitana nos últimos anos. Uma pesquisa, de agosto de 2008, realizada pela Assessoria
Técnica da Presidência e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicacada (IPEA,
2008), constatou a redução em 35% da população pobre de seis metrópoles
(São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre) em
2003 para 24,1% em 2008, o que equivale a uma diminuição de quase um terço em termos proporcionais. No mesmo período, a indigência também sofreu forte redução. Em termos percentuais, pode-se considerar a redução de 48,3%, ou seja, caiu pela metade o número de indigentes neste período.
Embora estes dados sejam de extrema importância, os consideramos apenas como uma das facetas da problemática em torno da pobreza e da desigualdade social. Isto porque, questões de ordem subjetiva, quase nunca possíveis de serem quantificadas, trazem elementos fundamentais, tanto para o melhor entendimento do que ocorre no cotidiano da população que é considerada pobre, quanto para a elaboração de políticas sociais conectadas às demandas e às particularidades dos usuários nos programas que atuam no combate a pobreza.
1 Pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS.
2 Psicóloga, Doutoranda em Psicologia. E-mail: alineaccorssi@gmail.com
3 Professor Orientador, Doutor em Psicologia Social - University Of Wisconsin At Madison
4 Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2008), é considerado pobre as pessoas com renda per capita igual ou inferior a meio salário mínimo; indigentes aquelas com renda per capita igual ou inferior a um quarto do salário mínimo; e ricas aquelas pertencentes a famílias cuja renda seja igual ou maior do que 40 salários mínimos.
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Em outras palavras, podemos dizer que a pobreza é muito mais complexa do que os determinantes econômicos