Carta Aberta Para Kátia Abreu
Campinas, São Paulo 24 de abril de 2013
Prezada Senadora Kátia Abreu, na carta publicada pelos índios Guarani-Kaiowás ficou clara a condição pela qual passam muitos grupos indígenas no Brasil. O decreto dado pelo juiz do Mato Grosso do Sul que expulsa esse grupo das terras onde hoje estão acampados, acerca do rio Hovy, pode ser considerado como a gota d’água para o modo como a Justiça Federal age quando se fala em ações contra grupos minoritários.
É lastimável perceber que a FUNAI, a Justiça Federal e o Governo não conseguem resolver os impasses entre indígenas, fazendeiros e sem terras. Os índios sofrem, há 500 anos, com deslocamentos, realojamentos, diminuição de terras, perda de culta, etc. desde a colonização do Brasil. Tudo isso por causa das vontades e anseios do homem “civilizado” e em nome desse progresso que só destrói nossa cultura.
Esse comportamento não é aceitável. As políticas devem mudar. Não podem existir dois pesos e duas medidas como a senhora Senadora levantou, porém, não devem ser excluídos os direitos dos grupos menores que tanto merecem respeito em prol de outros que tem tanto e não precisam.
As terras griladas e não cultivadas espalhadas pelo Brasil contribuem para que nosso alimento chegue mais barato à mesa dos cidadãos? Não, senhora Senadora, elas não contribuem.
Cada vez mais as fazendas responsáveis por abastecerem nossas mesas estão maquinizadas, diminuindo a força de trabalho humana no campo. Cada vez mais a produção de um hectare de terra produz mais alimentos graças à tecnologia empregada. Isso é o que barateia os nossos alimentos.
A declaração de que eles não querem mais viver é um sinal de que chegou a hora de pararmos de olhar para os nossos umbigos urbanizados. Não é justo que 170 indígenas lutem para sobreviver a seu modo num pedaço tão pequeno de terra e que significa tanto para eles.
É mais fácil trocar o plantio, as máquinas e os trabalhadores de lugar do que trocar a cultura, a