Caminhos da idéia de mação no brasil

Este artigo aborda a formação de uma identidade nacional no Brasil, o contexto discursivo e a configuração imaginária na qual se elaborou. Parte do pressuposto de que a elaboração de uma identidade nacional se dá simultâneamente à emergência de uma idéia de nação, comunidade simbólica usualmente vinculada a uma região, cujo fundamento maior repousa na atribuição de uma tradição e na filiação de seus integrantes a um passado comum. Trata-se de uma temática que vem ganhando crescente atenção na medida em que se aproximam as comemorações pelo quinto centenário da nação brasileira. Comemorações que na forma em que são conduzidas e nas práticas discursivas que evocam revelam-se permeadas de um etnocentrismo que parece ainda longe de ser superado. Nelas, difunde-se uma noção de descoberta que nos remete tanto à suposição de um Brasil que já existia desde sempre, faltando somente encontrá-lo, como a de uma fundação um tanto quanto mágica, pela qual o que não era teria passado a existir de um instante para outro.

Tal noção nos conduz ao equívoco de tomar como idênticos os conceitos de região e nação. Equívoco de amplas consequências, uma vez que resultam tanto na falaciosa suposição de um Brasil fora do tempo, à espera de ser encontrado, quanto na fantasia de uma prestidigitação criadora, pela qual a nação brasileira passaria a existir desde o primeiro contato do colonizador. Entretanto, da designação bastante genérica de brasileiros para aqueles que trabalhavam com o pau-brasil, até o multifacetado conjunto de características que gravitam em torno da idéia de nação brasileira, é forçoso reconhecer que uma longa, e muitas vezes dramática jornada foi percorrida. Estar atento às vicissitudes desta jornada me parece de fundamental importância sobretudo aos que se propõem o estudo da Psicologia Social no Brasil. Afinal, é fato amplamente expresso na literatura especializada (cf. Krueger, 1986), que a Psicologia Social deve sua estruturação