As épocas da cultura portuguesa

Começando pela proposta de datação para este estudo, o autor vai justificar todo o aparecimento dos Mitos, e sua devida importância em cada época. Sempre que se pretende ir à História, existe a necessidade de distinguir épocas, e assim arrisca neste terreno apesar de aleatório. Mas justifica o impacto de cada Mito em cada época, demonstra como é normal o surgimento daquele mesmo naquela época também. Parece confuso mas não é, um Mito como o da Cruzada nasce numa época de reconquista cristã aos mouros, nasce com a História do Milagre de Ourique, que por sua vez nessa mesma época de reconquista cristã, assenta na mentalidade de então, da Época dos Cavaleiros. Durante a altura, que se pensa desenrolar o Milagre de Ourique, o grupo dominante era o Cavaleiresco, os Nobres Cavaleiros. Era uma altura de guerra contra Mouros, da necessidade de expansão do território para se conseguir a afirmação de um Reino, e então nasce a ideia de reconquista cristã e o Milagre de Ourique foi uma espécie de prova dada, para os Portugueses, que era o povo com a vocação para a expansão da fé, Portugal enquanto Paladino da Fé Católica. Durante o século XII as batalhas promovidas pela «Guerra Santa» entre Cristãos e Mouros na Península Ibérica são equiparadas às da Palestina, e surge sempre a imagem de Santiago na Batalha. E há mais pormenores interessantes a realçar neste assunto do milagre, António José Saraiva, vai realçar neste texto que o Milagre de Ourique, poderá ter sido forjado na ideia de criar um sentido Anti-Castelhano, que o impacto da guerra contra Castela esteja por trás deste «milagre». Assim Portugal ganha a ideia de Reino de fundação divina, a independência do reino num direito superior ao direito Humano. Aliás, não nos esquecer que quando surge pela primeira vez descrito numa obra, foi em 1419 pelas mãos de Fernão Lopes, já um bom tempo depois.
Camões vai realçar esse Mito da Cruzada no livro «Os Lusíadas», é nessa obra que Camões foca Portugal como Paladino da Fé