Artigo sobre Gadamer
Yasmin Costa Barros Ribeiro1
O filósofo alemão Hans-Georg Gadamer (1900-2002) é a figura decisiva no desenvolvimento da hermenêutica no século XX. Nasceu na Alemanha e foi professor em Leipzig, depois em Frankfurt e, por fim, em Heidelberg. Foi intérprete da filosofia antiga, de Hegel e dos historicistas e a partir da sua obra Verdade e Método, que publicou em 1960, a linguagem passa a ser vista como meio para a compreensão do indivíduo no mundo, de forma a ser observada como processo de aprendizagem intersubjetivo (BONFIM, 2010). Já nessa obra nota-se a grande influência que teve os ensinamentos de Martin Heidegger, que foi seu professor. Seus estudos influenciaram diversos filósofos, como Paul Ricoeur e Jürgen Habermas.
A hermenêutica é uma forma de compreensão capaz de levara ao reconhecimento de verdades, porém sem se submeter a um método para isso, como fazem as diversas ramificações da ciência. De fato, no seu exercício ela pode fazer uso de outras experiências, como a arte, a filosofia e a história, que “são modos de experiência nos quais se manifesta uma verdade que não pode ser verificada com os meios metodológicos da ciência” (GADAMER, 2005, p. 30). E a filosofia de Gadamer é uma forte legitimação dessa pretensão de verdade vinda de outras áreas que não a ciência, o que confere grande importância à hermenêutica.
A tradição, para Gadamer, tem de ser analisada não no sentido de uma alteridade do passado, mas de deixar valer suas pretensões, reconhecer que ela, tradição, possui algo a nos dizer. Ao contrário de Dilthey, não se preocupa com o estabelecimento de um método, já que não se volta para resolver problemas práticos hermenêuticos, mas sim construir uma teoria acerca do fenômeno da compreensão (CAMPOS, 2008), ou seja, o foco é a forma como se dá a compreensão. Para ele, a compreensão é como o modo de existência do próprio indivíduo em suas mais variadas possibilidades, caracteriza-se como uma ontologia