Arte tumular
Existe um tipo de arte que poucas pessoas conhecem, a chamada arte tumular. Deixando-se de lado o preconceito e a superstição, encontraremos nos cemitérios, trabalhos esculpidos em granito, mármore e bronze de personalidades famosas. É um verdadeiro acervo escultórico e arquitetônico a céu aberto, guardando os restos mortais de muitas personalidades imortais de nossa história, onde a morte se torna um grande espetáculo da vida neste lugar de maravilhosas obras de arte e de grande valor histórico e cultural brasileiro. Através da representação, a simbologia de saudades, amor, tristeza, nobreza, respeito, inocência, sofrimento, dor, reflexão, arrependimento, dá sentido às vidas passadas. No cemitério, a arte tumular é uma forma de cultura preservada no silencio e que não deverá ser temida, mas sim contempladas.
A arte tumular sempre foi considerada por muitos um adorno, sendo utilizada nos mausoléus das classes mais abastadas como objeto de decoração. Pode-se dizer, porém, que a arte tumular é mais do que um simples ornamento: ela abarca o imaginário coletivo de uma determinada sociedade, que por meio dos signos da morte retrata sua visão de mundo, sua cultura. Desse modo, é certo dizer que a arte funerária corresponde a um memorial social, à medida que representa para as pessoas o conjunto de idéias pertencentes a uma determinada sociedade. Esse fenômeno, porém, se dá implicitamente: a arte tumular é o produto de uma expressão coletiva, realizada por meio dos sinais e da circunstância da morte.
Na análise semiótica de o Último adeus
(figura 1), de Alfredo Oliani, alguns desses sinais serão examinados.
A escultura Último adeus, de Alfredo Oliani, localizada no cemitério São Paulo, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, retrata o delicado beijo de um casal. Datada da segunda metade do século XX, trata-se de uma obra em que por meio dessa expressão de carinho, materialização da intimidade entre os sujeitos da ação, e do