Apagando as luzes cedo demais

Apagando as luzes cedo demais Falar sobre tabus não é nada fácil, nunca foi e jamais será. A sociedade tem a capacidade de dar o nome de "tabu" a coisas como sexo, homossexualismo, aborto etc. Mas e quando você, leitor, lê a palavra "suicídio" sente um arrepio na espinha, tenho certeza. O tema suicídio é pouquíssimo debatido, gera medo, as pessoas fogem do assunto, não querem saber, porque isso "nunca vai acontecer" com elas. Em 25 anos, a taxa de suicídio no Brasil aumentou 30%, e ninguém quer falar sobre isso. Porém, existe um tipo de suicídio que está assuntando mais a toda a população: jovens estão cada vez mais tirando sua própria vida. Por quê? Festa, liberdade, fôlego, beleza, alegria, juventude. Pode-se pensar que não existe motivo para querer morrer, que isso é "modinha", "barda", mas não é. Com o mundo agitado em que vivemos, as crianças passam a ficar mais tempo sozinhas em casa, esquecidas pelos seus próprios pais, que só pensam em trabalho, em subir na carreira, em ganhar dinheiro. Jovens passam dias inteiros trancafiados em seus quartos escuros como se estivessem em torres de concreto longe de tudo, perto apenas de seu computador, perto de suas redes sociais, onde ela pode fingir uma felicidade maravilhosa, uma família perfeita, a vida que todos pediram para os céus. Onde elas podem, livremente, criar mentiras reconfortantes para si mesmas. O psiquiatra Neury Botega, da Unicamp, diz que "a sociedade está cada vez menos solidária, o jovem não tem mais uma rede de apoio. É preciso falar sobre o assunto." Temos ainda a pressão social muito existente hoje em dia, que se intensifica com as redes sociais. Todos precisam estar ótimos e felizes sempre, esse é o certo. Todos devem seguir um mesmo padrão de beleza, uma mesma característica, ou seja, foi criado um perfil padrão, e se você não o seguir, você é estranho. Junte isso com álcool e drogas e terá uma bomba. Cerca de 26 suicídios acontecem no Brasil por dia. Para cada suicídio masculino