Amadis de Gaula e o ideal do cavalheirismo
Rodrigo Moraes Alberto1
Resumo:
Os libros de caballerías tomam grande expressão na Península Ibérica medieval, em especial o Amadis de
Gaula. A partir da abordagem desta fonte pretende-se demonstrar neste aquilo que viemos chamar de “ideal cavaleiresco ibérico”. Este conceito define as ressignificações dos modos de ver e pensar o mundo presentes nos libros, herdados em grande parte da matéria da Bretanha. Nota-se todavia que este sistema de conduta, com os valores cortesãos, a cavalaria e a literatura cavalheiresca sofrem modificações em solo peninsular.
Palavras-Chave:
Amadis de Gaula – Ideal Cavaleiresco – Romance de Cavalaria – Península Ibérica
O livro sobre o qual debruçamos a atenção neste trabalho insere-se numa tendência de discurso literário que é séculos mais antiga do que a data de edição da obra, e provém de outros espaços geográficos. Na Península Ibérica do século XV e XVI ressurge de forma própria e, ao mesmo tempo, a lógica que rege os argumentos e estruturas narrativas não é uma herança apenas literária. Uma incursão nos traços fundamentais que formaram a idéia de
“cavaleiro ideal” nos homens e mulheres do final do medievo é necessária para se fazer nítido o que seria este “fazer cavaleiresco” compreendido na novela. Para a análise de uma fonte histórica com estas características – seja pelo viés da História ou da Literatura – é crucial que se observem os aspectos definidores do imaginário no final do período medieval. Pensar o romance, e o Amadis de Gaula em especial, é entender o ideal cavaleiresco em suas particularidades ibéricas, que inunda todas as páginas de seus cuatro libros.
Os Múltiplos Amadises e a Matéria da Bretanha
Tornou-se célebre entre os estudiosos do Amadis começar suas explanações sobre a obra citando a famosa passagem de Don Quixote, em que o barbeiro e o cura fazem o grandre