Alfabetização

895 palavras 4 páginas
Educação & Sociedade
Print version ISSN 0101-7330
Educ. Soc. vol.18 no.59 Campinas Aug. 1997 http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73301997000200012 Preconceitos no cotidiano escolar — Ensino e medicalização*
Regina Leite Garcia**

Cecília e Maria Aparecida abrem seu Preconceitos no cotidiano escolar – Ensino e medicalização já impactando o leitor. A história de Reginaldo, terrível, é paradigmática. Quem já andou pelas escolas brasileiras sabe quantos Reginaldos encontrou. Crianças normais, até que alguém, com a autoridade do lugar social que ocupa, a encaminha para o Serviço de Saúde, solicitando um eletroencefalograma a partir de seu pré-diagnóstico. Pouco a pouco a dúvida vai se instalando na família. Aquela mãe que, ao ser entrevistada, afirmara "...eu não entendo, porque acho que quando uma pessoa é ruim da cabeça, não tem raciocínio para nada", e aquele pai que antes lutava para defender a normalidade de seu filho começam, ambos, a desacreditar de sua capacidade de avaliar ..."quem sabe a professora está certa e meu filho não aprende porque é mesmo doente e nós é que não víamos?", devem perguntar-se ambos.
Assim vai se fechando o cerco e a própria criança, no caso o Reginaldo, como tantos Reginaldos, ao não conseguir fazer o dever, admite, desesperada: "Eu sei, eu sei que sou doido, vou passar no médico e precisar ficar internado uns dez anos." Seus colegas de classe, seus irmão, quando querem atacá-lo, afirmam com desdém: "Bem que a professora fala que tem problema."
Talvez as sessões de tortura não produzam efeitos tão devastadores quanto a exposição dos alunos àquilo que acontece em algumas escolas, quando as professoras, já no início da escolaridade, fazem os seus "diagnósticos", separando as crianças que irão aprender e as que não conseguirão fazê-lo, e, sem se dar conta, anunciam, como um anjo perverso, o futuro fracasso escolar.
Valendo-se de uma metodologia etnográfica, as autoras vão penetrando no universo da escola na busca de compreensão

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