1338052369 ARQUIVO ROBERTOMARINVIESTELARTIGO2012UFRJ

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EDIFÍCIO JOELMA: DESAFIOS DA ORALIDADE
ROBERTO MARIN VIESTEL *
RESUMO
O presente trabalho apresenta a tragédia do incêndio do Edifício Joelma, no dia 01 de fevereiro de 1974, através de depoimentos orais. O episódio marca o imaginário coletivo da cidade e, ao mesmo tempo, é um fato que expõe a fragilidade do poder público em cumprir as obrigações do seu papel.
A história oral nos permite olhar para os indivíduos como seres humanos de carne e osso, que participaram e fizeram a história, em um momento de fragilidade de grande comoção e apelo.
Nosso artigo se baseia no depoimento de meus pais, o senhor José Roberto Viestel e a senhora
Luzia Marin Viestel e, também, de meu próprio depoimento. Quando do incêndio, meu pai era gerente do estacionamento do Edifício, onde os carros ocupavam os nove primeiros andares, felizmente não pegando fogo e evitando tragédia maior graças à sua atuação coordenada de retirada dos veículos, junto com bravos manobristas. Quanto à minha mãe, cuja memória é de dar inveja a qualquer professor de história, utilizamos a precisão de datas e acontecimentos. A história oral, neste sentido, nos ajuda a recuperar o quebra-cabeça dos fatos e a entender a cidade como um organismo vivo.

* Professor de História do Instituto Federal de Educação, Ciencia e Tecnologia do Sul de
Minas Gerais, Campus Inconfidentes, MG. Graduado em História (UFOP) e Mestre em
Educação (UNIMEP). [e-mail]

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“Toda história depende, basicamente, de sua finalidade social”
(THOMPSON, 1998: 20)
Pela manhã, o aparelho de telefone de linha, como era chamado naquela época, hoje
“fixo”, toca com sua campainha estridente. Minha mãe, Luzia Marin Viestel, então com 38 anos, levanta-se da cama para atender. Eu, com cinco anos de idade, dormia entre os meus pais, como muitos garotos ainda gostam de fazer. Ouvi as seguintes palavras da minha mãe, entre “dormindo” e recém acordada: “Fogo no carro? Espera que vou chamar o Roberto (meu pai, José Roberto Viestel, então