Cartona

antigas. De faz muito tempo... Encontrei um pacote meio amarelado, com aquele cheiro gostoso de papel bem velho. Cheiro dos antigamente da vida. Amarrado com fitinha azul. Desatei. Apareceram bilhetes, poesias copiadas, postais, cartinhas e cartonas. Escritas por Eduardo. Edu. Meu primeiro amor e meu primeiro namorado sério. Eu tinha dezesseis anos. Fazia o colegial. Ele tinha dezoito e estava no cursinho. Pra Medicina. Um namoro que durou dois anos. Derretido, derretido...…

a filosofar — quando uma menina não gosta de um cara, você acha que ela vai gastar tinta, papel e tempo para escrever uma carta lindona como aquela? Ela já diz na fuça do sujeito para ele ir procurar a turma dele. No entanto, ela escreveu uma cartona, explicando o que só você não vê... — O que eu não vejo? — Que ela está apaixonada, mon vieux! — É certo que ela precisa, digamos, ser trabalhada, comprends? É preciso um pouco de conversa, um pouco de dengo. Ela está fazendo charme, cara!

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