O Processo de ensino-aprendizagem e aquisição da autonomia
Muitos estudos realizados na década de 80 ajudaram a construir uma nova visão aos educadores do que seria de fato a alfabetização, mostrando que o processo de alfabetizar é algo muito mais complexo do que a simples apropriação de um código, envolvendo toda elaboração de hipóteses acerca da representação lingüística. Com o passar do tempo igualmente houve uma preocupação em analisar o caráter sócio-cultural da língua escrita e de seu aprendizado, mostrando assim uma emergência dos estudos sobre letramento. Até então havia uma dicotomia entre aluno e professor. O professor era visto como aquele que apenas ensina e o aluno como um ser passivo que aprende. Ambos os movimentos (alfabetização e letramento), em estreita sintonia, dentro de suas vertentes conceituais, quebraram esse paradigma e além de apontarem o caráter integrador que deve haver entre professor e aluno possibilitaram uma ampliação da visão acerca do espaço de aprendizagem, mostrando que o mesmo não se limita a sala de aula. (COLLELO, 2013)
Com o tempo, a superação do analfabetismo em massa e a crescente complexidade de nossas sociedades fazem surgir maiores e mais variadas práticas de uso da língua escrita. Tão fortes são os apelos que o mundo letrado exerce sobre as pessoas que já não lhes basta a capacidade de desenhar letras ou decifrar o código da leitura. Seguindo a mesma trajetória dos países desenvolvidos, o final do século XX impôs a praticamente todos os povos a exigência da língua escrita não mais como meta de conhecimento desejável, mas como verdadeira condição para a sobrevivência e a conquista da cidadania. Foi no contexto das grandes transformações culturais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas que o termo “letramento” surgiu , ampliando o sentido do que tradicionalmente se conhecia por alfabetização (SOARES , 2003, apud. COLLELO, 2013).
A leitura não ocorre apenas no texto escrito, mas envolve questões da percepção, compreensão de