O Fórum Social Mundial e o Futuro: Das Utopias Realistas às Alternativas
Novos movimentos surgem constantemente, porém, muitos não têm vida longa e se mostram inconsistentes ou até mesmo são engolidos brutalmente pelas teorias políticas dominantes. No entanto um movimento tem cada vez mais ganhado corpo, e não é apenas mais um movimento. É um movimento diferente que levanta não só questões analíticas e teóricas, mas também questões epistemológicas. E Isto está expresso na ideia, amplamente partilhada pelos seus participantes, de que não haverá justiça social global sem justiça cognitiva global.
Para tal o Fórum Social Mundial (FSM), emerge e se solidifica por desafiar não só as teorias políticas dominantes, como também as várias disciplinas das ciências sociais convencionais, e ainda a ideia de que o conhecimento científico é o único produtor de racionalidade política e social. Mas o desafio colocado pelo FSM comporta ainda outra dimensão onde pretende realizar a utopia num mundo desprovido de utopias.
A utopia é um conceito histórico e que está relacionado a processos de transformação social que são considerados irrealizáveis. No entanto, o fato de algum projeto não ser considerado possível relaciona-se com a falta de maturidade das condições sociais para a sua realização. Assim, o seu caráter irrealizável deve ser entendido como algo provisório, historicamente contextualizado. O que hoje é considerado impossível, pode ser possível amanhã, não é o caso de que um projeto seja absolutamente irrealizável, mas sim que a maioria das pessoas ainda não é capaz de propor-se a sua realização.
Essa influência que a utopia exerce sobre a concepção de mundo dos sujeitos e da sociedade nos momentos de transformação histórica é o motor da história. Marcuse por exemplo, analisa o fim da utopia como sendo o fim da história, pois sem a utopia as possibilidades de novas sociedades não seriam mais pensadas. Mannheim diz que sem a utopia o homem perderia a vontade de fazer