O Enigma de Kaspar Hauser

Análise sociológica do filme “O Enigma de Kaspar Hauser” O filme, obra alemã de 1975 que tem como tradução literal “cada um por si e Deus contra todos”, retrata a vida de Kaspar Hauser, jovem que passou toda a sua infância e parte de sua adolescência em estado de isolamento, acorrentado no porão de uma torre, sendo posto em sociedade apenas em 1828 por um homem desconhecido, quando então começa seu processo de socialização. Kaspar Hauser, até ser deixado em Nuremberg (cidade da Alemanha Ocidental) em 1828 aos 15 anos de idade, não agia como um ser humano. Suas ações resumiam-se apenas a instintos (fome, sede, medo), a única palavra que pronunciava era “cavalo”, não sabia andar nem manter-se em pé. Toda sua vida resumia-se àquele porão, portanto era aquele o mundo que reconhecia. Quando finalmente é posto em contato com outros seres humanos, seu processo de socialização começa imediatamente. Kaspar não compreende nada do que dizem, apenas repete palavras e frases que, para ele, eram apenas sons. A sociedade, por outro lado, tenta descobrir o porquê de ele estar ali, qual sua origem e por que não interage, fundamentando a situação como um enigma. Fica nítido ao longo da trama que o isolamento impactou fortemente sua formação como indivíduo; a privação do convívio social impediu que aspectos comuns da cultura humana fossem inseridos em Hauser, tais como a linguagem e as emoções. Somente após ser ensinado a ler, escrever, comer com talheres, andar com postura correta e falar com coerência é que passou a expressar atitudes mais humanas e, consequentemente, ser aceito por mais pessoas dentro da sociedade. Neste ponto pode-se fazer alusão a Durkheim quanto a sua teoria sobre os fatos sociais. Kaspar era visto como uma aberração, no início, justamente por não seguir os fatos sociais vigentes no século XIX, demonstrando que estes têm alto poder coercitivo e são exteriores ao indivíduo. Tudo o que a ele foi ensinado era (e ainda é) imposto pela sociedade e