A psicologia do medo e da dor

4673 palavras 19 páginas
A PSICOLOGIA DO MEDO E DA DOR

J. Landeira-Fernandez e Antônio Pedro de Mello Cruz

Mãos frias e suadas, olhos arregalados, sobrancelhas contraídas, respiração ofegante e coração saltando pela boca. Certamente você já identificou como medo a sensação subjetiva relacionada com tais reações. O fluxo sanguíneo também é alterado em seu curso, sendo redistribuído da pele e das vísceras para os músculos e cérebro. A palidez da face em situações de perigo é um reflexo claro deste fenômeno. A expressão “amarelou de medo” – o melhor talvez fosse empalideceu de medo – muito provavelmente adveio da analogia com esta reação fisiológica. Outro efeito menos aparente é a capacidade do medo suprimir momentaneamente a reação a estímulos nociceptivos (estímulos que deflagram dor). A finalidade deste conjunto de reações, que expressamos desde os primeiros anos de nossas vidas, é mobilizar padrões comportamentais de fuga ou de luta diante de estímulos ambientais sinalizadores de perigo. Outras espécies animais também compartilham dessa habilidade, embora não possamos assegurar que tenham a consciência subjetiva da experiência emocional de medo. Na verdade, estudos contemporâneos sugerem que o cérebro dispara tais reações antes mesmo que possa processar conscientemente os detalhes do estímulo sinalizador de perigo.

O medo origina-se do contato do organismo com dois tipos de sinais de perigo: inatos e aprendidos. Os inatos dizem respeito àquelas situações que ao longo da evolução filogenética foram selecionadas como fontes de ameaça à sobrevivência de uma espécie. Um gato, ou simplesmente o odor deste animal, sinaliza perigo em ratos que jamais tiveram contato prévio com felinos. O mesmo ocorre em macacos diante de cobras e em bebês humanos expostos a altura ou ruídos intensos. Outros estímulos podem passar a sinalizar perigo através de um processo de aprendizagem chamado condicionamento clássico de medo. Isto ocorre quando estímulos

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