A Ordem do Discurso Fichamento
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Em A Ordem do Discurso, uma aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970, Michel Foucault se posiciona sub-repticiamente no discurso que se propõe. Aqui, admitimos o conceito de discurso proposto pelo autor, dentre vários, em obra posterior, A Arqueologia do Saber, “chamaremos de discurso um conjunto de enunciados que se apoiem na mesma formação discursiva” (Foucault, 1986, p. 135). A priori, Foucault estabelece a trajetória do seu raciocínio a partir do seguinte questionamento: “Mas o que há, enfim de tão perigoso no fato de as pessoas falarem e de seus discursos proliferarem indefinidamente? Onde, afinal, está o perigo?” (Foucault, 1996, p. 8) e, a posteriori, sugere a hipótese: “em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organiza e redistribuída por certo número de procedimentos” (Foucault, 1996, p. 8). Aqui são apresentados e se organizam, em procedimentos externos: (I) Interdição, (II) Separação e Rejeição, (III) Verdadeiro e Falso; e procedimentos internos: (I) Comentário, (II) Autor, (III) Disciplina.
Elejo para análise, os procedimentos externos que se estabelecem como sistemas de exclusão, “a palavra proibida”, “a segregação da loucura” e “a vontade de verdade” (Foucault, 1996, p. 19). A palavra proibida é a interdição do discurso a partir do tabu do objeto, do ritual da circunstância e do direito privilegiado ou exclusividade do sujeito que fala, segundo o autor, “sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa.” (Foucault, 1996, p. 9). Verifica-se que, em nossos dias, os domínios sobre os quais se impõem são os da sexualidade e o da política, o primeiro, com a sistematização do desejo, e o segundo, com o do poder. A segregação da loucura, por sua vez, é a interdição do discurso a partir das dualidades razão e loucura e normal e patológico, as falas do louco, desprovido