A Modernidade E Crise

2798 palavras 12 páginas
A Modernidade e a “crise de valores”


Rachel Nigro

“É uma forma de auto-engano pensar que não falamos a partir de uma orientação moral que consideramos certa.
Essa é uma condição para se ser um self operante e não uma visão metafísica que podemos ligar e desligar”1

Atualmente está na moda criticar a modernidade. Nós, modernos? Não! Do mesmo modo como rejeitamos a alcunha de "burgueses", antes revolucionários e hoje consumidores alienados, também nos apraz desconstruir o ideal de racionalidade moderno e negar nosso pertencimento a tal universo “ultrapassado”.
Mas não é tão simples assim se desfazer das influências da convalida modernidade. O ente humano, enquanto ser que se auto-interpreta ao interpretar o mundo, encontra-se, desde sempre e desde já, lançado no universo de referências e na multiplicidade de sentidos que caracteriza o real. Somente nos tornamos um self2 na medida em que certas questões nos importam, isto é, na medida em que interpretamos, através de uma linguagem herdada, tais questões. A idéia da linguagem como “forma de vida” proposta por Wittgenstein parece nos sugerir que as linguagens das quais nos servimos são também nossos limites, uma vez que elas já nos apresentam uma estruturação do mundo, uma lente interpretativa, uma ‘filosofia’. Estamos enredados nas malhas da linguagem que nos impõe, já de saída, uma certa concepção de mundo, certos valores e padrões de comportamento. Mais do que simplesmente expressar de forma instrumental as nossas crenças e valores, a linguagem as constitui. Ao participar de uma “forma

* Professora de Filosofia do Direito PUC-Rio, doutora em Filosofia e mestre em Direito Constitucional e Teoria do
Estado pela PUC-Rio; bolsista ERA
1
TAYLOR, Charles. As Fontes do Self, p. 135. São Paulo, Edições Loyola, 1997.
2
Acompanho a noção de self tal como elaborada por Charles Taylor, como ficará mais claro a seguir.


de vida” estamos automaticamente comprometidos com um certo léxico. Ou, como escreve
Michel Villey:

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