A linguagem satírica como instrumento de discriminação: agressões e ofensas verbais de gênero nas cantigas medievais de escárnio e maldizer e em canções contemporâneas

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Texto I
A linguagem satírica como instrumento de discriminação: agressões e ofensas verbais de gênero nas cantigas medievais de escárnio e maldizer e em canções contemporâneas
Resumo
Os movimentos em prol da igualdade e plenitude dos direitos humanos precisam habilitar-se para lidar com um imaginário de zombaria, agressão e violência, que desqualificam e humilham os diferentes. Na cultura escolar, o ensino fundamental convive com o clímax do gênero discursivo do escárnio. O objetivo deste estudo é mapear as manifestações de escárnio na tradição cultural luso-brasileira, com base nas cantigas galego-portuguesas do século XIII e nas canções de zombaria contemporâneas. Utilizam-se os princípios do paradigma indiciário de Ginzburg para detectar e interpretar as representações e o imaginário social que orientam a produção do gênero escárnio. A hipótese é que os autores, homens, se utilizam do gênero para legitimar e autorizar a discriminação e a zombaria contra as mulheres que estão fora do padrão predominante em cada época, com foco na idade, no padrão corporal, na estética e no enquadramento moral. O corpus inicial se compõe de 20 cantigas de escárnio e maldizer e 20 cantigas contemporâneas no mesmo gênero, com suporte complementar do teatro satírico antigo, medieval e contemporâneo. O método de análise dos textos prioriza o levantamento das construções e expressões mais frequentes, com atenção para os efeitos de sentido que resultam do uso dessas expressões. Procura-se verificar a proporção em que as expressões do passado se mantêm e se parafraseiam nas manifestações contemporâneas do gênero discursivo escolhido. A expectativa é que o estudo permita uma concepção alargada, de base empírica, sobre o espírito zombeteiro da cultura do escárnio, favorecendo a produção de materiais de ensino da língua e da cultura que privilegiem a reflexão e a discussão sobre pontos críticos do imaginário brasileiro, em que precisamos reinventar a tradição.
Palavras-chave: língua,

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