A construção cultural das masculinidades
Guilherme Carvalho da Silva, graduando em Pedagogia - FE/UnB.
"A escola do machismo é em casa ou a casa do machismo é a escola?"
Maria Rita Kehl (2005)
1. Introdução
Nos últimos anos os Estudos de Gênero têm ganhado um fôlego novo e cada vez mais pesquisadoras/es têm demonstrado interesse em pesquisas acerca desta área. Inicialmente pautados sobre uma perspectiva voltada para os Estudos de Mulheres, embasados principalmente pelos princípios norteadores do feminismo político e acadêmico, tais estudos procuraram demonstrar as desigualdades existentes entre mulheres e homens, apresentando a dominação masculina como fator a ser combatido e procurando inserir a s mulheres como sujeitos históricos promotores de transformações na sociedade.
A partir do momento em que a categoria gênero foi estabelecida e que a dimensão cultural desta foi teorizada, estudiosas/os começaram a perceber que as pesquisas deveriam abarcar tanto as mulheres como os homens, visto que somente os estudos sobre as mulheres não poderiam dar conta de toda a problemática envolvida entorno das relações de gênero. Assim, os homens também foram inseridos dentro deste contexto, tanto como pesquisadores, quanto como objeto de estudos.
É fato compreensível que durante um longo período os Estudos das Mulheres tenham barrado a participação dos homens em seus debates e que o movimento feminista tenha relutado tanto em aceitar a contribuição de homens aos seus estudos. Tal fato advém da experiência adquirida cotidianamente da dominação dos homens sobre as mulheres (GIFFIN,
2005, p. 48). A questão do poder que uma voz masculina possuía e possui em relação às mulheres é ponto bastante explorado pelos Estudos Feministas e de Gênero e apresenta o quão arraigado está na cultura a subjugação feminina.
É certo que um homem querendo analisar questões de gênero pode causar estranheza e até mesmo repulsa, tanto por parte de machistas de plantão que