A construção científica
DEMO, PEDRO. INTRODUÇÃO Á METODOLOGIA DE CIÊNCIA / 2. ED. SÃO PAULO: ATLAS, 1987.
2.1 OBSERVAÇÕES INICIAIS
“Trataremos de alguns momentos importantes da construção cientifica, particularmente da demarcação cientifica, através da qual buscamos alguma forma de definir o que é ciência; [...] São inúmeras e inevitáveis as divergências, porque as ideologias por definição são diversificadas, múltiplas; são inevitáveis, porque as ciências sociais possuem ideologia no intimo.” (p.29)
“Não se pode, [...] emitir um conceito tranqüilo de ciência, como se fosse possível partir de algo evidente e inquestionável e chegar a algo também evidente e inquestionável. O que podemos fazer é apresentar uma proposta de definição de ciência, na consciência de que é uma entre outras. [...] devemos evitar dois extremos: de um lado o extremo do dogmatismo, [...] coisas indiscutíveis; de outro, o relativismo, [...] ao nível de veleidades particulares.” (p.29)
“Sendo a ciência também um fenômeno histórico, é propriamente um processo. O conceito de processo traduz a característica de uma realidade sempre volúvel, mutável, contraditória, nunca acabada, em vir-a-ser. [...]” (p.29)
“É preciso igualmente conceder que o conceito de ciência depende da nossa concepção de realidade. [...] fazer ciência social é em parte aprender a compreender outras visões e admitir a própria como preferencial, não porque tenha defeitos, mas porque imaginamos menos defeituosa.” (pp.29-30)
“[...] nossas conceituações de ciência uma respectiva visão de mundo que vai ficando visível nas entrelinhas deste trabalho. Pode ser isto um exercício metodológico fundamental: acerta a visão de mundo subjacente às propostas aqui elaboradas.” (p.30)
2.2 A DEMARCAÇÃO CIENTÍFICA
“Entendemos por demarcação científica o esforço de separar o que é e o que não é científico. As demarcações científicas são relativas às concepções de realidade e não podem reclamar exclusividade. [...]” (p.30)
“[...] seja mais fácil