A concepção de criança segundo a filosofia

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A concepção de criança segundo a filosofia A concepção tradicional de infância sofreu poucas alterações até o Renascimento, mantendo-se quase que inalterada desde a Antiguidade. Tal concepção foi caracterizada pela ideia do ser inacabado e, até mesmo, pela crença de que os primeiros anos da existência fazem parte de um período insignificante do ponto de vista cognitivo. Em Charlot a infância, para o período em questão “é quase um nada, é uma pura insuficiência” (1979:119). O mundo adulto se propunha a complementar a obra da natureza — uma vez que esta se encarrega apenas do desenvolvimento do corpo —, oferecendo à criança os conhecimentos necessários para a vida adulta. A certeza da eficácia da educação ancorava-se na convicção de que cada um possui em essência aquilo que virá a se tornar no futuro. A educação, portanto, atualiza a potencialidade nativa da alma. Esta maneira de ver a criança adentrou a Modernidade, esteve presente ainda nos escritos humanistas e nas referências à infância encontradas nos primeiros filósofos modernos.
Filosofia e infância parecem ser coisas distantes. O lugar da infância é o lugar da brincadeira, da espontaneidade, da descoberta e do não saber. Em contrapartida, o lugar da filosofia é o mundo dos conceitos abstratos, do conhecimento, da competência e da seriedade. Do ponto de vista tradicional, o conceito de infância não encontra no vocabulário filosófico o mesmo apreço adquirido nas ciências humanas. Até mesmo a história tem avançado muito nas últimas décadas na elucidação da primeira idade, que até pouco tempo passava quase despercebida aos olhos dos cientistas sociais e dos filósofos. A primeira objeção à existência do conceito de infância no âmbito da crítica filosófica reside no fato de que a infância corresponde à idade em que o ser ainda não está apto para a reflexão abstrata. A criança pode ser vista — Descartes já dizia — como um ser sem razão. A própria origem da palavra na tradição latina aponta

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