A arte de infantilizar formigas

415 palavras 2 páginas
A arte de infantilizar formigas – do Livro sobre Nada
Depois de ter entrado para rã, para árvore, para pedra
- meu avô começou a dar germínios
Queria ter filhos com uma árvore.
Sonhava de pegar um casal de lobisomem para ir vender na cidade.
Meu avô ampliava a solidão.
No fim da tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal: Meus filhos, o dia já envelheceu, entrem pra dentro. Um lagarto atravessou meu olho e entrou para o mato.
Se diz que o lagarto entrou nas folhas, que folhou.
Aí a nossa mãe deu entidade pessoal ao dia.
Ela deu ser ao dia, e Ele envelheceu como um homem envelhece.
Talvez fosse a maneira
Que a mãe encontrou para aumentar as pessoas daquele lugar que era lacuna de gente.
Manoel de Barros
Análise linguística: Percebemos uma forte carga emotiva que o "avô" possui em relação à natureza, pois são reunidos aos elementos da mãe terra como a rã (animal), a árvore (vegetal) e a pedra (mineral), havendo uma nítida combinação com esses seres. Desta forma, o avô passa "a dar germínios", mostrando a ideia de fertilidade. Tal ideia sobre fertilidade é expressa nos versos nº 3, 4 e 5.
Queria ter filhos com uma árvore. / Sonhava de pegar um casal de lobisomem para ir / vender na cidade.
Também é empregado o verbo "sonhar" ("sonhava") que pode ser visto como uma sequência de eventos da mente ocorridos durante o sono, ou como um desejo. Essa é uma forma de mostrar os devaneios que passavam na mente do avô, quando contemplava a natureza presente em sua vida. Na sequência, o poema estabelece uma forte oposição entre o primitivo ("lobisomem") e o não primitivo ("cidade") que o avô deseja romper.
No verso nº 6, "Meu avô ampliava a solidão", o avô apesar de ser um membro da família, apresenta-se distinto de um personagem do cotidiano. O avô parece se isolar da família pelas suas capacidades e qualidades, as quais ele quer estender aos outros, por isso quer ter filhos com uma árvore, vender um casal de lobisomem.

Nos versos nº 8 e 9: "Meus

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