A ADOÇÃO E A NARRATIVA DE PINÓQUIO

A ADOÇÃO E A NARRATIVA DE PINÓQUIO

Apesar de ser um assunto atualmente discutido nos mais variáveis contextos, dentre eles: político, social e jurídico o tema adoção é uma instituição com séculos de existência, presentes não só na história, mas também na construção cultural e literária de diferentes povos. Afinal que criança nunca ouviu falar de um menino criado com uma família de lobos, ou mesmo de macacos. Ou mesmo de um boneco de madeira, que amado por seu "criador" torna-se um menino de verdade, sendo introduzido a um seio familiar. Muito mais do que fantasia e emoção, essas histórias carregam em si conceitos e marcas do percorrer das sociedades na forma de lidar com o sofrimento de crianças órfãs e abandonadas.
Diversos povos conviveram com o abandono e rejeição de crianças - seja pelo real sentimento de rejeição dos genitores, pelas repressões políticas e religiosas, ou pela morte da família como resultado de guerras ou miséria, como afirma Weber (2004), o fato é que mesmo em diferentes contextos ou períodos históricos, a prática da adoção não tinha - na maioria das vezes - o objetivo de proteger a criança.
Ainda segundo Weber (2004), relação de poder absoluto dos pais sobre os seus filhos - principalmente na Roma antiga, onde o direito de continuar vivendo após o nascimento era concedido pelo pai em um ritual - fez com que a concepção de adoção fosse baseada sobre esse autoritarismo, nos levando a pensar primeiramente nas necessidades e anseios da família receptora, aquém da necessidade da criança.
Esse modelo de relação foi repercutindo juntamente com os anos. Na idade média o papel da igreja era de preservação do núcleo familiar natural, priorizando o matrimonio e concepção de filhos naturais. Além disso, a convivência de senhores rústicos e plebeus em uma mesma família era considerado impróprio e imoral.
Já na idade Moderna, após a Revolução Francesa a prática da adoção ganhou um pouco mais de interesse a criança, devido a morte dos genitores,