Winnicott
Para Winnicott o objeto externo é muito mais do que um modulador das projeções da criança. A mãe participa de uma verdadeira unidade com o seu filho, ajuda a formar sua mente, fazendo com que este processo seja bem feito. “Ao lhe dar amor, fornece-lhe uma espécie de “energia vital”, que o faz progredir e amadurecer.” (Bleichmar e Bleichmar, 1992, pág. 246). Winnicott acreditava que a mãe suficientemente boa é aquela que possibilita ao bebê a ilusão de que o mundo é criado por ele, concedendo-lhe, assim, a experiência da onipotência primária, base do fazer-criativo. E a percepção criativa da realidade é uma experiência do self, núcleo singular de cada indivíduo.
Gurfinkel (1999) destaca que para a teoria psicanalítica de Winnicott o que está em questão não é a vida erótica do sujeito, mas a conquista de um lugar para viver, ou a base do self no corpo. A localização do self no corpo não é uma experiência dada desde sempre, mas sim o fruto de um desenvolvimento sadio.
Ao se estudar o primeiro vínculo emocional com a mãe, em termos de experiência sensoriais, afetivas e de constituição do psiquismo, passa-se de uma postura edípica a uma bipessoal, do falo ao seio, do triangulo à relação com a mãe.” (Bleichmar e Bleichmar, 1992, pág. 243)
Winnicott acreditava no potencial criativo humano, a noção de um ser humano que já traz em si as potencialidades do viver. Santos (2008) diz que o que está em jogo na natureza humana e o que a constitui é o seu acontecimento como ser humano, isto é, a sua continuidade de ser como pessoa. Winnicott recusa decididamente o naturalismo e o determinismo, isto é, recusa a objetificação do ser humano. Ele não concebe o ser humano como um mero fato, um efeito de causas, uma coisa em conexão causal com