Uma redação infantil.

Mais uma manhã de segunda feira. Odeio acordar cedo e ir à escola. Acho que não existe nada pior do que a sensação de levantar para enfrentar não apenas um dia, mas mais uma semana. Desligo o despertador do meu celular e me sento na cama lentamente. Lento como uma lesma. Esfrego os olhos e bocejo. Minha mãe abre a porta para conferir se eu já acordei. -Levanta garoto! Seu pai não pode ficar esperando você por muito tempo. Meu pai me leva para a escola todos os dias. Se eu pudesse iria de ônibus por que ouvir o meu pai falando de negócios me dá vontade de saltar do carro em movimento. Mas não há nada pior do que quando minha mãe nos acompanha. Eles discutem por qualquer motivo. O telefone toca. Eu ainda estou sentado e minha vontade de levantar só diminui. Ouço minha mãe se aproximando e a possibilidade de eu levar um banho de água fria me faz saltar da cama e correr pro banheiro. Antes mesmo que eu feche a porta ela entra com o telefone na mão. -A ligação é pra você! É a Clarissa. Arregalo meus olhos. O coração dispara. Será que eu estou sonhando? Clarissa está me ligando?!
Clarissa é a garota que qualquer garoto gostaria de ter por perto. Linda, inteligente, ousada e muito popular. Ela é a garota que toda garota gostaria de ser. Todos os meninos mandam cartas, flores e até mesmo se atiram aos pés dela sem nenhuma vergonha. Clarissa é a aluna destaque da nossa escola e já ganhou por dois anos seguidos o primeiro lugar na feira de ciências. É também a líder da nossa turma e vice-líder do grêmio estudantil.
Há uns dias atrás nossa professora de português nos mandou ler Dom Casmurro e fazer um trabalho em duplas. Como eu sempre admirei Clarissa e como eu sempre quis apenas uma oportunidade de mostrar a ela que eu não sou como os demais garotos que se atiram a seus pés, fui até ela no fim da aula e perguntei se ela não gostaria de ser minha parceira. Disse o quanto eu gostava de literatura brasileira e que gostaria de ter alguém ao meu lado que tivesse