Um filme infiel

um filme infiel

é possível [porrível] ver o velho com um novo olhar ou só vemos renovadamente quando vemos algo de outro lugar? Ver o mesmo de outro ponto de vista ou ver o novo sob o mesmo prisma? Ou se mudamos, vemos o velho de outro modo; ou se não mudamos, não conseguimos ver nada além do mesmo. Bem, essa é um jogo do qual há duas saídas sempre, sempre opostas, mas sempre uma só, apesar de duas. São jogos dados pelo filme Copia fiel de Abbas Kiarostami, estrelado por Binoche e um ator inglês, Schimmel?, rodado na Itália, na Toscana. Ele é um intelectual que acaba de escrever um livro, Copia fiel, e vai a Itália para lança-lo. Ela, aos poucos descobrimos, é a mulher dele. No começo, agem como estranhos. Encontram-se depois do lançamento. Ela o leva para um vilarejo próximo de Arezzo, lugar em que passaram a lua de mel há quinze anos. Nesse mesmo lugar há um quadro que depois de séculos descobriu-se ser uma cópia de um afresco romano pintado na região de Nápoles. Nesse lugar, discutem a relação. Ela pedindo a ele que olhe para ela, que cuide dela; ele suplicando que ela cesse com aquilo. Se pararmos aqui, ficamos no velho jogo entre a incompatibilidade entre os desejos femninino e o masculino para o que o casamento é uma solução e um problema. Mas tentando ver o filme pelo que o diretor deixa ver por trás daquilo que explicitamente coloca para o espectador, é possível ver alguns aspectos importantes. O filmes se passa na Itália, na Toscana, berço do Renascimento italiano, da arte moderna do Ocidente. Tempo e escola que procurou refazer a arte por meio da imitação dos antigos. Assim gira a roda do novo originado do mesmo, o que acaba dando na cópia original ou fiel. Mas há outro aspecto, o religioso e conservador, que cresce quando chegam ao vilarejo. Primeiro a dona do café que sugere a resignação a Binoche em face do marido ausente e indiferente mas marido; depois, um casal de velhos (cujo homem é Carriére) em que a