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Tudo ocorreu, pois, dentro da mais perfeita normalidade democrática. O novo Presidente empossado conservou o ministério de Jânio, substituindo apenas o chefe da Casa Militar, que passou a ser o general Ernesto Geisel e o ministro da Justiça, agora Martins Rodrigues. Ainda assim, tais mudanças se fizeram apenas por solicitação dos antigos titulares, deixando patente a transitoriedade de seu mandato.
O problema provocado pela renúncia de Jânio teria sido facilmente superado, senão por fato inusitado, próprio de democracias ainda incipientes: os ministros militares, instituindo-se num quarto poder, dirigiram-se ao Presidente interino, declarando que vetavam a posse do sucessor constitucional, o sr. João Goulart (Jango), sob a alegação de que ele faria parte do comunismo internacional.
Não se limitaram, os ministros militares, a essa declaração. Passaram imediatamente à ação, com circulares enviadas aos comandos militares, via rádio, tranqüilizando-os de que o país estava em paz, porém, deixando entrever que os próximos acontecimentos ficavam condicionados à sua visão particularizada de segurança nacional.
Um "rádio" transmitido pelo general Orlando Geisel na madrugada de 27 de agosto, divulgado pelo comando do 3º Exército, deixava clara essa posição, dizendo textualmente: "Ministro [da Guerra] pretende defender instituições e manter a Lei e a Ordem em todo o país mesmo que para isso tenha que impedir posse Jango".
Esta não era uma posição unânime dentro das Forças Armadas