Lutas e manifestações no Brasil Muitos não compreendem a “repentina” ascensão das mobilizações nas grandes cidades brasileiras. Procuram a identidade das manifestações em sujeitos políticos tradicionais, não os identificando acham que as mobilizações são essencialmente difusões. Mas não são. São convergências. Convergências de insatisfações, contestações, organizações e ações que caracterizam a luta urbana no Brasil. Encontramos no conteúdo das reivindicações o nexo entre passado e presente, conexões entre sujeitos que compartilham realidades, lutas e solidariedades. No passado e no presente, moradores das cidades brasileiras lutam por: acesso ao solo para moradia; infraestrutura urbana e social, ou seja: água, saneamento, drenagem, pavimentação, áreas ambientais, espaços de lazer, encontro e celebração, educação, saúde, transporte público. Além disso, o direito dos cidadãos participarem da definição dos investimentos e prioridades da cidade. Também lutas por afirmação de identidades e contra opressões raciais, sexuais, geracionais etc. Dentro desses universos de anseios, já foram realizadas várias mobilizações na história do Brasil, organizados infinidades de movimentos das mais diversas naturezas. Diversidades culturais e políticas que marcam as identidades urbanas – tangente inclusive ao peso da referência de origens tradicionais e camponesas que influenciam e provocam solidariedades nos povos das cidades. Neste momento, milhares de moradores das cidades vão às ruas tendo como estopim o transporte público (e não é a primeira vez na história). Esse estopim dispara uma série de outras insatisfações populares com a incapacidade do Estado de garantir os direitos sociais – em Fortaleza, por exemplo, vários bairros populosos têm sérios problemas de abastecimento de água e saneamento. Educação, transporte e saúde pública completam o quadro de precariedades. Aos problemas do cotidiano, a população vê somar-se dramas “novos”: aumento dos despejos provocados