Termos de Comparação entre a obra literária “Dom Casmurro” e a obra fílmica “Dom”
A primeira consideração a ser feita é que estamos tomando a obra cinematográfica como uma tradução da obra literária, pois ambas são inteiramente independentes, mas, ao mesmo tempo, estão intimamente relacionadas. A partir do momento em que não se considera mais a tradução como mimese, ao contrário, uma atividade interessada nas condições de produção e recepção, a tradução passa a ser vista como transformação. Como resultado desse processo transformacional, surge, então, uma estrutura totalmente nova e o texto tem de ser visto como uma obra autônoma que não pode ser adequadamente compreendida e julgada se tomada apenas como imitação. Nesse sentido, não se pode negar que a versão esteja intimamente ligada à outra, pois funciona como seu interpretante. Também rejeitamos a noção de fidelidade do filme em relação ao romance, porque esta noção é subjetiva e redutora, principalmente quando ambas as obras pertencem a diferentes contextos históricos (GUALDA, 2009). Além disso, a fidelidade é impossibilitada pelos diferentes meios materiais de expressão do romance e do filme. Entretanto, embora original e tradução sejam diferentes enquanto linguagem, suas informações estéticas estarão ligadas por uma relação de isomorfia e essas relações são chamadas aqui de pontos de contato, ou seja, elementos que ambas as obras possuem em comum, obviamente com as modificações necessárias para a realização de uma obra autônoma que dialogue com a obra de partida e não somente a reproduza.
Dessa forma, nosso objetivo é apresentar as semelhanças existentes entre o romance e o filme citados, ou seja, aquilo que não muda, ou que muda muito pouco quando se relê a obra literária Dom Casmurro em uma obra fílmica – no caso, Dom. Em ambas as obras é notório o espaço que o narrador personagem tem.
Processos estabelecidos nas duas obras
• Redução
Obrigatoriamente existe o processo de redução por