surdez
DE JOVENS E ADULTOS SURDOS
Liliane Ferrari Giordani
UFRGS
Resumo
Este trabalho discute as representações culturais da escrita de jovens e adultos surdos do Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores - Paulo Freire. A pesquisa propõe dialogar com as narrativas dos surdos na concepção de letramentos para além da escolarização. Para realizar tal empreendimento utilizo-me das ferramentas analíticas que transitam pelo campo dos Estudos Culturais e da
Teoria Crítica, entre elas destaco as noções de letramento, representação e narrativa. Tais ferramentas possibilitaram-me operar sobre como os conteúdos produzidos pelas narrativas dos sujeitos surdos narram das estratégias de letramentos de suas histórias de vida, histórias de escrita da escola. Narrativas que constroem, neste texto, percursos dos lugares, falta de lugares e não lugares da escrita nas conversas pedagógicas reinventadas pelas conversas de vida. Esse trabalho, ao final, revisita o espaço pedagógico onde estão inscritos os narradores da pesquisa. Revisitar a escola na tradução das narrativas de vida marcadas pelas experiências de escrita que, talvez possam contar ao professor sobre outras escritas. Esta intencionalidade não centra sua preocupação no pedagógico e, sim, nas coisas da vida, nas escritas da rua que nos dizem do que a escola não diz. Não é pesquisa da escrita na escola, é pesquisa da escrita de vida que nos falam os alunos da escola.
Palavras-chave: Letramento; Narrativa; Representação; Educação de surdos.
A identidade, que é definida historicamente e não biologicamente (Hall, 1999), é formada ao longo do tempo, não como algo inato, nem pré-definida, estando sempre incompleta, em processo contínuo de formação. Ao discutir o papel da língua de sinais na vida dos surdos, inclusive dentro da instituição escolar, marca-se o entendimento que a língua é um sistema social e não um sistema puramente