Sociologia e Pirataria em geral

37º Encontro Anual da ANPOCS

ST 30 – Sociologia e antropologia da moral

Título do trabalho:

A pirataria sob um enfoque moral: representações de jovens consumidores, empreendedores morais da cultura e comerciantes de mídias piratas sobre o trânsito ilegal de bens culturais

Autor:
Arthur Coelho Bezerra1

1 Pesquisador adjunto do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).
Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI - IBICT/UFRJ).
Pesquisador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU UFRJ). Doutor em sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pós doutorado pela mesma instituição.

1. Introdução

O presente trabalho é fruto de quatro anos de pesquisa bibliográfica e dois anos de pesquisa empírica com grupos relacionados ao trânsito ilegal de bens culturais, que ocorre seja por meio das redes digitais, via programas de compartilhamento de arquivos e outros métodos, seja através dos mercados ilícitos que movimentam cópias piratas de CDs e DVDs em ruas, bares, praias e outros espaços públicos.
Por tratar-se de uma pesquisa com foco na circulação ilegal de bens culturais, o primeiro recorte previa a análise de dois grupos distintos: os agentes que compartilham (via upload e download) arquivos na rede de computadores – aí incluídas as cópias não autorizadas de bens culturais – e os vendedores e consumidores que movimentam o comércio ilegal de mídias piratas nas ruas.
São estes os grupos engajados em práticas que transgridem leis de proteção de direitos autorais que, por esse motivo, são consideradas atos de pirataria.
Após a definição dos grupos citados, no entanto, pude verificar que, caso restringisse a análise às práticas dos indivíduos “infratores”, acabaria por mitigar as pretensões a uma compreensão abrangente da moralização do fenômeno da pirataria como um todo. Desde meados do século passado, a literatura
sociológica