Saude publica: hanseníase
Desde a Antigüidade, a hanseníase tem sido considerada uma doença contagiosa, mutilante e incurável, provocando uma atitude preconceituosa de rejeição e discriminação ao seu portador, normalmente um excluído da sociedade. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia que, juntamente com a África, pode ser considerada o berço da doença.
A doença é transmitida principalmente por meio do convívio com os doentes do tipo virchowiano ou dimorfo que ainda não foram diagnosticados e não iniciaram tratamento. Esses indivíduos possuem carga bacilar suficiente para favorecer a transmissão. As principais fontes de bactérias são provavelmente as mucosas das vias aéreas superiores. O bacilo de Hansen tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos, no entanto, poucos adoecem. Essa propriedade não é função apenas das características intrínsecas da bactéria, mas depende, sobretudo, de sua relação com o hospedeiro e do grau de endemicidade do meio.
A infecção é considerada de fácil diagnóstico e terapêutica. O esquema de Poliquimioterapia (PQT), recomendado para o tratamento dos doentes, leva à cura em períodos de tempo relativamente curtos, sendo possível desenvolver atividades de controle da doença mesmo em municípios minimamente estruturados. No entanto, a situação da hanseníase em âmbito mundial e nacional ainda é preocupante e se observa que muitos países ainda não conseguiram eliminar essa doença. (1)
Mycobacterium leprae
O Mycobacterium leprae é um patógeno intracelular obrigatório que infecta principalmente células de Schwann de nervos e macrófagos da pele (Kaplan e Cohn, 1986) gerando um quadro clínico de inflamação crônica associada à neuropatia periférica que pode resultar em sequelas irreversíveis.
O bacilo pertence ao gênero Micobacterium, ordem Actiomycetales. Apresenta-se sob a forma de bastonete, na maioria das vezes reto ou ligeiramente encurvado, é imóvel, não forma endospóro, esporo ou cápsula e é álcool-ácido