saresp 6 série
Há uma infinidade de coisas banidas da vida social. Comer frango com a mão, por exemplo. É delicioso agarrar uma coxa com as mãos! As regras de etiqueta até permitem, mas ninguém tem coragem. As pessoas ficam cortando pedacinhos com a faca, enquanto o osso rola no prato. E chupar o tutano? Quem nunca provou não sabe o que está perdendo. É uma delícia.
Na trilha do frango, vai a manga. Cravar os dentes no caroço de uma manga bem madura é inesquecível. Todo mundo serve a fruta cortadinha. Existem frutas que nem são servidas diante de convidados. Jaca, por exemplo. Impossível comer jaca de garfo e faca. Resultado: ninguém mais oferece. Tem gente que acha feio até comer sanduíche com a mão. Já recebi muitos olhares de acusação, ao agarrar um cheeseburger e meter os dentes, enquanto a pessoa na minha frente corta os pedacinhos.
São tantas as falsidades que nem sei como me comportar. Outro dia cheguei a uma festa de aniversário e perguntei, alegre:
– Quantos anos?
A aniversariante virou a cara. Na hora do bolo, só uma vela solitária. Acabei comentando:
– Se ela botasse todas as velinhas, provocaria um incêndio!
Quase fui expulso.
(Walcyr Carrasco, Veja São Paulo, 6 agosto 2003, p. 138)
1. A continuidade do sentido lógico do primeiro parágrafo do texto se estabelece pela frase:
(A) Comer frango com a mão, por exemplo. (B) ... mas ninguém tem coragem.
(C) Na trilha do frango, vai a manga. (D) Resultado: ninguém mais oferece a fruta.
2. Perguntei, alegre: - Quantos anos ?
Os sinais de pontuação empregados acima assinalam
(A) uma resposta rápida da aniversariante.
(B) o comentário de outro participante da festa.
(C) uma interrupção intencional da narrativa.
(D) a transcrição exata da fala da personagem.
3. O fato que dá vida à narrativa, desencadeando o final imprevisto, é
(A) o comentário indelicado do narrador na hora do bolo.
(B) a existência de apenas uma vela sobre o bolo para ser apagada.
(C)