Rousseau e os conflitos pós-modernos

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Se, para Rousseau, é na razão do homem natural que podemos encontrar razão social, o bom senso e a boa vontade do governante (legislador), deve, antes de instituir as leis, examinar as condições existenciais do povo para verificar sua aptidão para elas; método que, numa sociedade contemporânea de massas, basicamente de consumidores, pode ser chamada como “pesquisa de opinião”. O legislador deve ter como critério a prudência de saber que toda lei deve buscar corresponder à verdadeira natureza do povo a quem governa, restaurando a paz e a abundância entre todos.

Rousseau pensa um estado natural onde impera a abundância a partir do comparativo de que os selvagens não lutam entre si para sobreviverem. Esse conceito é transportado por Rousseau para o estado social e tem, sem dúvida, sua utilidade na eliminação dos conflitos da escassez de oportunidades no âmbito da alimentação, moradia e trabalho, que, a nosso ver, na sociedade contemporânea, se reflete em questões como a da reforma agrária (propriedade comunal), da crise do trabalho (exclusão social) e livre oferta do mercado globalizado (abundância).

Rousseau, ao focalizar a natureza como paradigma social , proclama o cultivo da terra, o ethos primitivo da propriedade comum, do homem rural da civilização e a importância do campo e da floresta como o palco verdadeiro para o progresso . Seu discurso natura, evidencia ser a atividade agrícola, a principal ação do governante de garantir progresso e independência econômico-social de seu povo. Rejeitando, portanto, uma economia nacional baseada na indústria e no comércio, a qual, nos dias hodiernos, ampliou a cultura do consumismo; Rousseau vai fazer a defesa do trabalhador rural nos moldes de que esses tenham condições de permanecerem no campo, e não abandonarem a terra em troca de promessas de boa vida na cidade. Como afirma nessa passagem do Discurso sobre a Origem da Desigualdade:

O abandono dos campos, fruto dos impostos exorbitantes que

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