Resenha: O triunfo da razão sobre a corporeidade: a vitalidade do conceito
Resenha: O triunfo da razão sobre a corporeidade: a vitalidade do conceito
O tempo não parece ter sido tão cruel com o ser humano quanto a partir da base racional de Descartes. Embora toda reflexão cartesiana tenha sido o berço da racionalidade ocidental triunfante, ainda se projeta o paradoxo do dualismo. Uma espécie de duelo entre Deus e a ciência entra em seu roteiro antropológico e teológico com certa maciez espiritual acompanhado de certa rigidez racional. A obra de Descartes, segundo Gouhier (1962) e Koyré (1962), ao referir-se a todos os seus intérpretes, não parece ter sido incompleta; contudo, os argumentos e reflexões sobre as suas medidas se expandem acirrando o debate corpo-mente. A revolução sobre o conceito de corpo ronda o universo da física, da matemática, da astronomia, da biologia, e parece ter sido a luz que viria iluminar a mente daqueles que pensam como quem age com o pensar. Primeiro Copérnico, contrariando Ptolomeu, o qual dizia que a terra era o centro do universo; agora é o sol o centro do sistema planetário. Copérnico, o homem intuitivo, deu asas a outros astrônomos, pois via nos movimentos dos astros música, sentia o poder da harmonia celeste; vendo neles o sentido de totalidade, os denominou, não por acaso: corpos celestes. Desse ponto em diante é que o obstáculo epistemológico se solta, o que os contemporâneos chamam de corte epistemológico ou ainda, de maneira surda, mudança de paradigma. Mesmo à custa do próprio prestígio intelectual, a comunidade de pensadores se manifesta em nome de uma corporeidade, que se levanta quase um motim para mostrar toda sua expressão e significação. No mundo de Bacon, não sobra espaço que não possa ser investigado e tocado. Os sentidos apurados seriam a maturação do Renascimento, atenção redobrada para os fenômenos da