Resenha "O presidente negro"
De um passado real a um futuro idealizado:
Marcas de uma sociedade
Raphael Mascarenhas Sacramento¹
LOBATO, José Bento Renato Monteiro. “O Presidente Negro”. Brasil: Brasiliense. 1979. 13.ed
Diante de várias discussões contemporâneas, estão aquelas que Monteiro Lobato fazia questão de abordar em suas obras. Em “O Presidente Negro”, seu único romance, ele abortou questões raciais, eugênicas, feministas, urbanistas, entre outras. Em 177 páginas e 25 capítulos, Monteiro Lobato cria uma história futurista, sendo que escreveu o livro em 1926. A obra foi publicada em folhetins, durante três semanas e tinha o nome de “O Choque das Raças” com subtítulo “Romance Americano do Ano 2228”. Com uma linguagem atípica da época, ele cria um grande cenário em torno da história, feita em primeira pessoa, no qual 3 personagens fazem parte do enredo principal; Ayrton, Senhor Benson e Miss Jane.
A obra gira em torno de Ayrton, carioca e um funcionário de uma empresa, com ambições normais para a classe média da época, mas sentia um grande apresso por um automóvel Ford; nada surpreendente já que nessa época Henry Ford revolucionaria a produção em grandes indústrias. Adquirindo o automóvel, ele acaba sofrendo um acidente e conhece o Professor Benson, que criou o porviroscópio² , e sua filha Miss Jane, por quem cria um amor. Com a morte de Benson, ele passa a visitar Miss Jane e ela conta suas aventuras no ano de 2228, ano em que um negro se tornaria presidente dos Estados Unidos. Lobato abordou temas polêmicos no seu romance, mas “previu” acontecimentos contemporâneos, como na área tecnológica. As ondas de rádio, internet, sistema de votação, tudo por ondas de radiação. Ninguém por exemplo precisaria sair de casa para fazer suas tarefas diárias.
As questões raciais abordadas por Lobato, também é algo presente do início ao fim do livro. Ele apresenta um choque entre negros e brancos, e como os negros eram inferiores em vários aspectos na sua obra,