Resenha Discurso Do M Todo
Considerado uma reflexão sobre como tomar uma decisão em meio a uma crise, a obra de Descartes inaugurou uma nova forma de ver o mundo. É preciso ter algo em mente ao ler sua obra, na época em que foi escrito o mundo se desprendia da visão da centralização da autoridade e no poder centralizado na religião. Também é preciso considerar que na sua visão pretendia conciliar religião e ciência. Assumindo, de certa forma, o espírito humanista de sua época e centralizando-se na capacidade racional humana na busca do conhecimento, Descartes preocupou-se fundamentalmente em construir um modo para que pudéssemos chegar a um conhecimento seguro. Esse modo é a dúvida, o seu método, o caminho. Descartes escreve a obra em primeira pessoa, e mostrado seu método por meio de suas próprias experiências. É com esse tom pessoal e de certa forma intimista, embora tente sempre universalizar os conceitos que decorram de seu raciocínio pessoal, que Descartes começa seu Discurso do Método
“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída, porquanto cada um acredita estar tão bem provido dele que, mesmo aqueles que são os mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa, não costumam desejar tê-lo mais do que já o têm.”
Descartes diz que todos têm a mesma quantidade de razão e que chegam a opiniões diferentes por não terem um método. Descartes introduz a temática do sujeito que conhece como fundamento de sua epistemologia. Essa temática irá deslocar o questionamento sobre o Objeto que se mostra a uma razão capaz de captar a ordem efetiva das coisas para o Sujeito que volitivamente se direciona para o Objeto na intenção de captar essa ordem. A preocupação moderna, inaugurada por Descartes é como esse Sujeito pode assegurar um conhecimento verdadeiro e seguro do Objeto. Descartes então parte da premissa que, antes de voltar-se ao Objeto, esse Sujeito precisa voltar-se para si mesmo e fundamentar nele a possibilidade desse conhecimento.