Religião e movimentos sociais no brasil

PAPEL DA RELIGIÃO CRISTÃ NOS MOVIMENTOS SOCIAIS DO BRASIL

Religião , de acordo com Clifford Geertz, é uma estrutura de significado por meio da qual o ser humano dá forma às suas experiências. No que se refere ao papel da religião na legitimação de um movimento social, esta apresenta uma dupla faceta: ora se alia à estrutura de poder e consolida o seu discurso, ora é utilizada como mecanismo de motivação para protestos sociais que exigem mudanças. A religião tem como importante função o binômio denunciar e anunciar, ou seja, vai contra as mazelas que seu povo vive, grita junto, clama por mudanças. A religião deve ser comprometida com a libertação dos pobres e indefesos contra o jugo do poder que oprime a população.
O fenômeno religioso vem se tornando cada vez mais um terreno de grande interesse para os estudos sociológicos e históricos, de maneira especial no Brasil.
Maquiavel em suas obras constata a tênue relação entre religião e política. Para o ilustre pensador “se os Estados quiserem manter-se incorruptos devem manter incorruptas as cerimônias de sua religião e ter esta sempre em grande veneração”. Maquiavel denuncia uma certa incompatibilidade essencial entre a fé cristã e a finalidade da vida política. Isso porque, ele entendia que os cristãos, no afã de ganhar a vida eterna, suporta os males mundanos, tornando-se, assim, mais fraco.
Todavia, é inegável a força transformadora inerente à religião cristã. Difícil citar algum movimento social na história do Brasil em que a religião não tenha sido a força mobilizadora principal. Dentre os mais importantes podemos citar os Muckers (1866-1874), Canudos (1893-1897), o Constestado (1912-1916) e mais recentemente o MST. De fato, a trajetória das classes populares brasileiras esteve marcada por movimentos de caráter religioso. Assim, o entendimento de Maquiavel de que o homem espera gozar uma vida boa somente no Paraíso, não condiz com a realidade atual; a fé cristã mobiliza muitos num processo de construção