Professor

Bibi in concert
Antonio C. R. Tupinambá
UFC

Não precisei ler uma biografia mal escrita ou parcial, produto de um “ghost writer”, cheia de meandros e atalhos para impressionar e vender; apenas mais um “best seller”. A biografia de ontem li com os olhos, ouvidos e todos os sentidos, incluindo aí o coração. Tudo pela boca da própria biografada. Aos 92 anos de vida sobe ao palco uma Diva de nome Abigail Izquierdo Ferreira, filha do não menos talentoso Procópio Ferreira e de outra artista, espanhola, Aída Izquierdo. Conhecemos a artista por seu “nick” Bibi, Bibi Ferreira. Talvez parasse por aqui pois assim deixaria de passar a escrever sobre o óbvio, o que todos conhecemos de uma mulher sinônimo de talento, audácia e vida. Os 92 anos não a impedem de ser mais lúcida, transparente, autêntica, atual e pasmem, atenta do que a maioria dos que se formam em nossas escolas e universidades, dos que se juntam em aglomerados e rebanhos de acéfalos na nossa sociedade atual.
Bibi é expressão de vida, de juventude, do respeito e preocupação com o primor e qualidade de arte, ética e estética. Com sua performance nos salva da mediocridade do cotidiano, do urbano rápido das redes e se adentra um universo biográfico dos mais originais, vívidos que insiste em se atualizar e em ir contra todos os estereótipos sobre a velhice e a juventude. Vejo como muitos de nós somos velhos e como poderíamos com ela aprender a ser jovens a nos desvencilhar de valores tacanhos que nos impõem uma curta dimensão da vida e nos impede de ir além, de transcender limites impostos.
É como digo: “Se no Brasil houvesse somente Bibi Ferreira, esse seria motivo suficiente para ter muito orgulho de ser brasileiro”.
Trata-se não apenas de um concerto, mas de um passeio sumarizado por si mesma e seu companheiro de palco, maestro que rege bela orquestra dando à apresentação desse “resumé” existencial força e linha condutora. O epicentro dos acontecimentos gira em torno dos seus doze, treze anos simbólicos