Plano de aula
Corpo e contemporaneidade
(Body and contemporaneity)
Teresa Cristina Carreteiro*
Resumo
As sociedades ocidentais contemporâneas apresentam características que merecem ênfase: o enfraquecimento dos coletivos institucionalizados, o culto do individualismo temperado pelo surgimento de novos coletivos, a importância do sucesso, a pressão da urgência, a prioridade dada ao ato e a ilusão da idéia do absoluto. Tais características oferecem um quadro necessário para o centramento sobre o corpo. O artigo afirma que o corpo tornou-se um dos valores predominantes do mundo contemporâneo. Ao longo do texto, são estudados alguns aspectos que o corpo tem adquirido na atualidade: corpo território, corpo viril, corpo excesso, corpo beleza. A conclusão discute o lugar do corpo como um sintoma contemporâneo, fazendo surgir uma patologia narcísica específica, que gera conseqüências importantes nas concepções subjetivas e sociais. Palavras-chave: Corpo; Subjetividade; Sociedade.
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ara abordar o papel essencial do corpo nas sociedades contemporâneas e para examinar em que o centramento nesse objeto superinvestido e supervalorizado pode ser considerado uma patologia narcísica, estudaremos primeiro determinadas características da sociedade ocidental atual. Elas permitem situar as funções exercidas pelo corpo, em seus diversos aspectos (corpo território, corpo viril, corpo excesso e corpo beleza), bem como suas conseqüências sobre a economia psíquica.
• Texto recebido em abril/2005 e aprovado para publicação em junho/2005. * Psicanalista, professora titular do Programa de Pós-graduação em Psicologia de UFF, membro do Ebep (Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos); pesquisadora do CNPq; e-mail: tecar2@uol.com.br.
Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 11, n. 17, p. 62-76, jun. 2005
Corpo e contemporaneidade
O indivíduo hipermoderno vive num momento da história em que grandes transformações acontecem nas formas de assunção de